quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Pulo


Eu pulei. Mas não foi por fuga, ou medo. Eu pulei. E em nenhum momento olhei para trás. Eu simplesmente pulei. E não me preocupei se o fundo era pedregoso ou não. Eu só pulei.
Eu queria o vermelho, eu queria o azul. Queria o norte, queria o cruzeiro-do-sul. Eu queria a chuva, queria o sol. Queria a escuridão, queria o farol. Eu queria o igual, queria o oposto. Eu queria a cara, queria o rosto. Eu queria ter, e acabei não tendo; queria ser, mas continuo não sendo.
Mas eu me desculpo, eu me refaço, eu me componho, e aperto mais o laço. E um laço vermelho, acetinado. Porque eu queria dizer sim, e digo não, porque eu não quero a rima, nem a canção. Eu quero a antítese, eu quero a contradição. Eu quero tudo. Rima não.
Mas a rima persegue, e o não vira sim. E o meu não é assim: sim-não, não-sim. E o tudo é o nada, o errado era o certo, o possível já tentaram, mas o impossível eu ainda quero. E o azul virou cinza. Cinza-morte. E o sul já deixou de ser sul há muito tempo. Agora é norte.
Porque eu sou verbo de ligação, e o complemento é necessário. O sujeito é impessoal, mas o adjunto é temporário. E o relógio insiste em dar voltas. Ao contrário, ao contrário...
E a rima não sai de mim, e continuo nas mãos dela. Eu rimei tudo, tudo; até o que não era. Eu rimei princípio com fim, não com sim, eu rimei angústia e calmaria, vontade e agonia. Mas essa rima eu refaço. Não deu certo. Porque o meu querer é indefinido. Um tanto torto, e meio perto.
E por detrás das luvas de película, estão as garras escondidas. E por detrás do balde d'água, está a marca da medida. E por detrás da máscara, uma risada estridente. E por detrás do querer, uma pergunta intermitente.
E os heterônimos partiram, e pousaram noutro ser. Mas eu hei de alcançá-los, alcançá-los-ei. Por isso eu pulei.
Eu pulei. Mas não foi por fuga, ou medo. Eu pulei. E em nenhum momento olhei pra trás. Eu simplesmente pulei. E não me preocupei se o fundo era pedregoso ou não. Eu só pulei.
E quando eu chegar no fundo, eu aviso; de alguma forma eu aviso, se o chão é mesmo pedregoso, ou se é areia fina. Liso.

8 comentários:

, Dêdê :) disse...

Amigaa,
AMEI esse! De verdade!
Muuito boom meeesmo!
Cada dia ficoo maais orgulhosaa
de tu, criaturaa! (hehe' ;D
Continua assim, flor!
Cê tem futuroo!

Te amoo, minha futura jornalista da CNN!

Sucesso seempre! õ/
Beejo ;*

Patrike disse...

*-* Simplesmente lindo...


E essas metáforas...


MAs assim... Eu gostei muito mesmo...

Layz Costa disse...

Que coisa mais linda, Sônia.
=)

Eu fico toda orgulhosa;

Felipe Moura disse...

Bruna !
Você escreve muito bem. =D


\o

Visão 'Singular' de um Mundo! disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Visão 'Singular' de um Mundo! disse...

Uau!Mas uma vez tirando meu chapéu e rindo e sorrindo pra você!=D
Belíssimo texto.Com um belo jogo de palavras.
E eu conhecia isso em você e não é de hoje!!!ssrsrsr
Cheiiro!!!

JúH Cordeiro ♥ disse...

Muiiiiiiiiiiito liindo!! Posso pegar pra colocar como descrição do meu perfil?




Ameii !!Tipo assim , beem meu momento ! Atualameente ...

Liliane disse...

Bruna!Muito bom esse texto,mesmo de verdade.Quantas vezes a gente não se vê entre duas respostas possiveis.A melhor escolha nem sempre é a mais agradável,temos "pular",mesmo nos machucando,pq assim só assim é se aprende a ser VENCEDOR.E sentir se lá em baixo tem areia ou pedras.
"O Senhor não tem prazer em covarde".
Parabéns!!!!!!!!!!!!!!!